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sábado, 24 de julho de 2010

Belladonna

Sobe os oito andares de seu prédio pelas escadas, não pela sua fobia de elevadores, mas por causa de uma súbita vontade de fazer isso pela ultima vez.

Acendeu as luzes do sue pequeno apartamento jogando as chaves em qualquer lugar sem se importar de olhar onde caiam.

Na cozinha preparou uma lasanha, rápida, pratica, perfeita para o momento, enquanto tomava um vinho e pensava se deveria deixar uma carta.

Deixou a lasanha no forno regulando o timer para trinta minutos, ainda pensava sobre a carta.

“Sito nomes?

Acho melhor não, não quero pareça que foi culpa de alguém. Demo dar motivos, as pessoas gostam de motivos.”

Encheu novamente a taça de vinho e foi se sentar na sala.

“Motivos... estar cansada e sozinha não são motivos aceitáveis, mas são os meus motivos. Melhor não escrever a carta, ninguém vai entendera carta, principalmente a parte do ‘sozinha’, vão achar que foi por causa dele que vou fazer isso... deuses, isso é um equivoco nojento.”

Se levantou para encher novamente a taça, encheu também o pode de ração do gato, que ainda não estava a vista, voltou a se sentar e aos seus pensamentos.

“Tenho que pensar em como fazer, ainda bem que li aquela historia sobre enforcamento, não quero saber o que os outros vão pensar, mas também não quero que me encontrem babada, inchada e com dejetos escorrendo pela perna, tenho que manter a vaidade.”

Percebe que o gato apareceu e estava comendo, sem prestar atenção nela:

-Relaxa fofa, a maninha gosta muito de você, ela vai te cuidar bem quando tudo isso acabar-falava para o gato, que surpreendentemente parou de comer e prestava atenção nela- Que acha de cortar os pulsos na banheira?

Voltou aos seus pensamentos com essa idéia.
”O sangue escorrendo, se misturando na água e manchando o chão é uma imagem bem poética, mas falaram que demora... seria bom tomar alguns comprimidos aleatórios para apagar, se tiver tempo ate da pra escrever alguma coisa na parede com o sangue, algo tipo ‘This will be the end’, ‘the end’ ou ate ‘IT’... plagiar um clássico do terror na hora de morrer, pode virar moda.

...

...

Realmente gostei dessa idéia, uma cena legal com o sangue, os cortes bem feitos ea frase na parede, alem de ser poético pode ate substituir a carta”

Ouviu o barulho do timer, na cozinha arruma a mesa divinamente, usando os melhores talheres e louças, aquelas do tipo que ficam guardadas para ocasiões especiais, separou uma faca grande bonita, e afiada para depois.

Comeu dois pratos de lasanha, com quatro copos de vinho, este que já estava quase acabando.

“Musica, gosto de musica, sempre fiz tudo com musica, este momento não pode ser diferente.”

Pegou alguns comprimidos totalmente aleatórios, a faca ea a garrafa de vinho, copos já não eram mais necessárias.

“Musica clássica seria mais elegante, uma rock, alem de ser clichê, não da o clima, mas um clássico sim, principalmente os mais sombrios.”

Ligou o radio prestando atenção na musica que estava tocando antes de colocar o CD que escolheu.

“ ‘Pais e filhos’, cara, se o destino existe o humor dele é retardado.”

Antes de ir para o banheiro vestiu seu melhor vestido de sair, se despediu do gato, colocou mais comida para ele temendo demorarem para acha-la.

Engoliu os comprimidos com vinho fechando a porta... provavelmente deu tempo de escrever alguma coisa na parede.